Prós e Contras: Kingdom Hearts III

Imagine um universo virtual onde personagens da Disney e da série de jogos Final Fantasy se misturarem a personagens novos para salvar o universo? Essa é a premissa de Kingdom Hearts, uma série de jogos que surgiu no começo dos anos 2000 e passou por diferentes plataformas e formatos.

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Com uma história complexa e muitas vezes confusa, não adianta entrar em detalhes aprofundados da trama, mas tentarei resumir os jogos anteriores em um parágrafo. A série conta a história de três heróis: Sora, Roxas e Ventus, e de seus amigos, que precisam derrotar um cientista do mal chamada Xenahort. O objetivo do vilão é ter o poder de Kingdom Hearts, uma espécie de controle da luz e das trevas. Ao decorrer dos jogos e spin offs, conhecemos um universo onde os mundos são separados e correm perigo, desde a China de Mulan ao castelo de A Bela e a Fera, por exemplo. Os heróis enfrentam criaturas chamadas Heartless, Nobodies e Unversed (representações do coração, do corpo e da emoção das pessoas que morreram) e que ameaçam esses reinos. Um deles, inclusive, é o Castelo do Rei Mickey Mouse, com seu fiel mago Pato Donald e seu escudeiro Pateta, que se tornam personagens centrais da trama, como sidekicks. Não vou me prolongar mais do que isso pois é muita informação em muitas plataformas, mas há vídeos no YouTube que tentam contar toda a história direitinho.

Bem, depois de 14 anos do lançamento de Kingdom Hearts 2, enfim conhecemos o terceiro da série principal. Ao todo, joguei cinco jogos da franquia: Kingdom Hearts, Kingdom Hearts 2, Birth by Sleep, 358/2 Days e Chain of Memories. Não cheguei a jogar os mobiles ou os que focam no universo de Ventus e seus amigos Aqua e Terra, mas pude conhecer bastante a história de Sora e Roxas, além da Organização XIII. Por isso, mal pude esperar para por as mãos na "conclusão" de uma saga tão épica. E aqui vai minha opinião:

Prós: o game é tudo que um fã da franquia poderia desejar. Quero dizer, nunca antes tivemos tantas possibilidades de jogo e combates divertidos com um gráfico primoroso como esse na franquia. A começar pelo fim da história que acompanho há tempo e via se montando um quebra-cabeça que parecia ser sem solução. O desfecho é agradável e ouso dizer que é mais plausível do que o restante da série, já que acaba com quase todas as pontas soltas. ATENÇÃO PARA SPOILERS: sabemos como Ventus acorda, como Aqua retorna do mundo das trevas, onde está Terra, como Roxas e Naminé retornam e enfim o combate final com a Organização XIII e Xenahort. FIM DOS SPOILERS. No geral, o jogo cumpre o que promete nesse ponto, e deixa um desfecho de duplo sentido para quem busca uma possível continuação à franquia. 

Resultado de imagem para kingdom hearts 3 youtube frozenAlém disso, não posso deixar de comentar o acerto que foi a escolha dos mundos (quase todos). Cantar Let it Go com a Elsa em Arendelle, rever o festival de lanternas ao lado de Rapunzel e Eugene em Corona, andar nas costas do Baymax enquanto salva São Fransóquio, deter Randall em Monstrópolis e se sentir criança de novo com o Wood e o Buzz em uma loja de brinquedos são apenas algumas das inclusões incríveis dessa universo. Mas tem três mundos que achei que poderiam serem diferentes (comento nos contras). 

As variações de Keyblades e de Links também foi um ponto fundamental. Torcar uma espada por um ioiô, um arco e flecha ou uma bandeira foi diferente e agregava os combos com novos ataques. Outra coisa que gostei foi à caça aos Lucky Emblems, bem no estilo caça ao tesouro e uma diversão extra do pós game. Por fim, não posso deixar de comentar mais uma vez dos gráficos e principalmente da trilha sonora, sempre um louvor de Kingdom Hearts e que fica memorável e arrepiante a cada segundo.

Resultado de imagem para kingdom hearts 3 youtube ratatouilleNem bom, nem ruim: há duas dinâmicas dentro do jogo que senti que não agradaram a todos, mas mesmo assim, foram interessantes e podem ganhar melhorias. A primeira é a já conhecida Gummi Ship, a parte de joguinho espacial de viagem entre mundos. É uma marca de KH e acho sim fundamental, e como disse, teve acertos: a possibilidade de mundo aberto e chefões escondidos é ótima. Porém, as mecânicas da própria nave e o modo de pilotá-la foram horríveis, tentaram fazer algo entre um Minecraft e um Space Invaders mal sucedido. A outra mecânica é o bistrô do Remy, o ratinho chef de Ratatouille. Achei a ideia das receitas e da busca por ingredientes diferentes muito divertida. Mas o ato em si de cozinhar tudo foi limitado e muito chato de concluir. Apenas quatro modalidades e que repetiam mecânicas de tempo do jogo. Eu senti falta de um desafio mais dinâmico, como as canções de Ariel no segundo jogo, ao invés de tentar quebrar um ovo com os dois analógicos.

Contras: chegamos aos pecados da franquia e do jogo. Vou começar pelos mundos que citei mais acima. O primeiro é o do Hércules. Já tínhamos visitado o Olimpo e achei nada a ver voltarmos lá para uma parte da história batida. Gostei dos Titãs como chefões, mas apenas isso. O combate ali bugava direto e senti que não foi um bom modo de introduzir a franquia dessa vez aos jogadores de primeira viagem. Outro mundo que me incomodou foi o do Piratas do Caribe. Acho que com toda polêmica envolvendo o Johnny Depp e os flops recentes do filme, iam largar a já tão conhecida chatice. Mas não. Batalhas de navios e fases na água são apenas alguns dos desgostos desse mundo, cuja única função interessante foi a exploração das ilhas. Por fim, outra carta repetida foi a do Ursinho Pooh, com minijogos irritantes e apenas a inclusão do Efalante para mostrar um universo ampliado.

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E por falar em minijogos ruins, tivemos os fantásticos sete pudins. Sério, quem inventou esses desafios? Tirar fotos perfeitas, fugir de um pudim comilão, pular entre arranha-céus, equilibrar-se em xícaras, tudo muito chato, mas era preciso ganhar todas para pegar o item da Ultima Weapon e novas habilidades. Outros minigames zoados incluíram: andar de trenó em Frozen e toda a série de joguinhos clássicos do Gummiphone. Saudades corridas de moto do Tron. Porém, teve um minijogo que gostei: a dança com os aldeões em Corona, divertida e fácil de fazer.

Senti também que não houve inovação na mecânica de combates. Eles claro que poderiam manter o estilo de luta, mas senti que as magias ficaram muito em segundo plano e começaram a priorizar aqueles brinquedos de parque de diversão irritantes, que tiravam pouca vida dos inimigos. Por fim, uma última ressalva que tenho é a demora de algumas cutscenes e como isso afetava a dinâmica de salvar o jogo. Um exemplo que dou: após terminar o mundo de Big Hero, demorei horrores para conseguir salvar o jogo em um ponto específico. Eu queria ver as cenas, por isso não as pulava, mas até chegar em outro mundo, era uma eternidade, com medo de cair a energia em casa ou tendo outros compromissos para ir. Enfim, tá mais do que na hora de salvarem o jogo automaticamente, e não em pontos espalhados nos mundos.

Kingdom Hearts 3, portanto, inova ao resgatar a nostalgia e o estilo que sempre me agradou, mas pode melhorar suas mecânicas de combate e se tornar algo menos burocrático e sonolento.

Imagens: Youtube

~Murilo/Mud

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