O Homem de Giz e suas semelhanças com Stranger Things

Não há nada melhor do que começar o ano com uma leitura nova. Eu costumo acumular alguns livros para ler durante as minhas viagens e férias, pois me ajudam a fazer o detox digital, especialmente em lugares onde o wi-fi é escasso ou inexistente. Na praia, decidi apostar na leitura de um exemplar que me chamou a atenção na livraria pela capa estilizada e detalhes com páginas em preto, e que acabei ganhando de uma amiga no final do ano: o Homem de Giz.

Esse livro lançado pela editora Intrínseca foi escrito pelo britânico C.J. Tudor, que tem fortes influências de escrita baseadas em Stephen King e autores célebres de mistério. A obra tem uma vibe dos anos 80 muito nostálgica e gostosa de se acompanhar, é o clássico Clube dos Cinco, E.T., Goonies e tantos outros filmes que você provavelmente já assistiu na televisão, onde crianças precisam lidar com um problema que vai além deles e isso acaba testando a amizade e o companheirismo deles.

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Fonte: Glam Adelaide

Outra obra que segue essa premissa é Stranger Things, uma das séries mais assistidas da Netflix. Por isso, decidi apontar as semelhanças entre o livro e o seriado e como a narrativa se desenrola. O melhor: sem spoilers, portanto, você pode ler tranquilo caso desperte seu interesse.

Uma garotada do barulho

Se o grupo de Mike, Eleven, Mad Max, Lucas, Dustin e Will que desbravam Hawkins e lutam com monstros em Stranger Things é o seu favorito, você mal pode esperar pelo quinteto do livro. O protagonista e narrador da obra é Eddie, que ao lado de seus amigos Gav Gordo, Mickey Metal, Hoppo e Nicky, enfrentam as questões deixadas pelos adultos, desvendam os mistérios que acercam a vizinhança e, claro, retratam os problemas infantis de crescimento e de prova de amizade entre os cinco. Mas ao contrário de Stranger Things, o amadurecimento e brigas entre as crianças é mais profundo e não necessariamente precisa ter uma resolução, o que é ótimo para entender o outro lado do livro, que explicarei mais abaixo.

Estranhices e rabiscos

Enquanto a pauta de Stranger Things é o Mundo Invertido e as adversidades que o laboratório da cidade causou, liberando monstros, O Homem de Giz é uma história sobre uma série de assassinatos e acidentes. Se você ler a sinopse do livro, é capaz de já tomar um spoiler intencional de quem é a vítima, mas ao decorrer da obra, você fica tenso para entender os motivos e circunstâncias que levaram aquelas crianças a encontrarem um cadáver no meio de um bosque. Outra peculiaridade que Tudor colocou nas páginas foi o hobby daquele grupo infantojuvenil: desenhar homens de giz para se comunicar entre si, cada cor representando um membro deles. A troca dos walkie talkies pelos rabiscos torna o mistérios ainda mais instigante.

Vida de adulto

Não vimos (ainda) o grupo de Stranger Things adulto, mas temos um elenco de pais, professores, oficiais e adolescentes que representa bem esse contraste, como a mãe de Will e o xerife. No livro, há um paralelo interessante sobre os adultos. Os pais de Eddie, o reverendo, o policial e outras figuras compõem uma história que acaba influenciando na vida das crianças. E temas como aborto, estupro e pedofilia são retratados nesse cenário todo.

E por falar em adultos...

A outra metade do livro, que comentei acima, é contada pelo Eddie que vive seus dias atuais em 2016 ao lado de sua inquilina Chloe. Assim como a história do passado, intercalar o livro com o presente e a volta do mistério deixa a atmosfera de leitura ainda mais frenética e tensa. O autor consegue incluir plot twists chocantes e um final perturbador. Vale a pena conferir!

~Murilo/Mud

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