Olá, pessoal, como vão? O post de hoje é da série: "quadros que eu criei e não dei continuidade por falta de temas", mas eu finalmente consegui um elemento em comum interessante para uma nova postagem do Hipótese. Para quem não se lembra dessa seção, eu me aprofundo em um tema ou assunto específico e tento desenvolvê-lo por meio de análises ou hipóteses (taí o nome) como tal elemento pode influenciar em nossas vidas.
Bem, acabei optando por um assunto cliché, mas bastante admirado por autores de ficção. Citarei a seguir alguns animes, mangás, seriados, desenhos animados, filmes, músicas e livros que possuem esse elemento em comum, se você não conhece algum deles, sugiro que dê uma chance e tente assistir um capítulo ou ler algumas páginas. Por fim, antes de começar, aviso que pode ter escapado algum spoiler não-intencional, me desculpem caso isso aconteça.
Call it magic
Não é preciso ser um expert para entender que o mundo atual está fadado a notícias ruins e desastres, tanto naturais quanto propositais. Doenças, assassinatos, falta de água ou o ódio propagado na Internet são alguns dos exemplos mais comuns de problemas cotidianos. Mas em um universo fictício, uma maneira eficaz de lidar com estes agravantes requer apenas esperança e uma dose de sorte, para que em um simples passe de mágica tudo se resolva. A magia, em sua forma mais pura, serviria em tese para ajudar as pessoas. Mas quem nos garante que ela não pode ser usada para piorar o que já está feito?
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Não há consenso em dizer de onde esse poder sobrenatural surgiu, porém, podemos afirmar como ela se adaptou ao nosso presente momento. No passado, tudo relacionado à magia era fruto de medo e ódio entre as pessoas. Aqueles que se denominavam bruxos eram caçados e queimados na fogueira. Toda essa questão sobre inquisição e perseguição à magia se deve, e muito, à inferioridade de quem detinha o poder. Um rei, até então soberano no período feudal, jamais admitiria que alguém com poderes mágicos pudesse ser superior a seu sangue mui nobre. E por isso, acabar com o problema pela raiz era a solução de quem temia a derrocada do poder.
Entretanto, felizmente nos dias atuais, acreditar em magia se tornou tão frequente que seria necessário queimar uma boa parte da população na fogueira. Árabes acreditavam nos gênios da lâmpada, chineses em divindades místicas e índios em xamãs. Talvez a própria criação de uma religião mostra que a mágica pode ser um fundamento natural, já presente nestas crenças. Mas fora este detalhe, o que realmente mudou o mundo e nos fez acreditar que a magia é onipresente, foi um cara com uma ideia genial: criar um coelho (Oswald, que depois virou um famoso camundongo) em uma locomotiva animada. Seu nome? Walt Disney.
When You Wish Upon a Star
A Disney foi a primeira empresa onde o produto utilizado para conquistar as pessoas e alavancar suas vendas, foi a magia. Afinal, todo o universo cinematográfico, televisivo e de entretenimento dos parques de diversão da companhia se baseiam em magia. O preceito: sonhe, acredite e conquiste, mexe com o imaginário de crianças, adolescentes e adultos que não querem perder a esperança de acreditar, um dia, em um futuro melhor.
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Além do futuro (que já discuti em outro post) há o fator da inclusão. Não há razão para sermos diferentes e não nos unirmos em prol de uma causa maior. Seja você branco, negro, oriental, pardo, azul, verde, rico, pobre, cachorro ou galinha. Na história da Disney, o filme que deu o pontapé inicial à realidade mágica foi Branca de Neve e os Sete Anões. A rainha má tinha o poder mágico, mas apenas a magia do bem, o beijo de amor verdadeiro, poderia ganhar, poderia incluir a todos, poderia criar um futuro. E esse "poderia criar", é traduzido como esperança.
Quem não se lembra de Cinderela, que com um toque de mágica, ganhou sapatos, vestido e carruagem por conta da casa? Ou de Pinóquio, que tinha um sonho de virar menino de verdade, e acabou saindo das amarras de sua marionete? Até mesmo em A Espada era a Lei, onde vemos o mago Merlin, tão famoso nos contos da Távola Redonda, ajudando Arthur a conquistar Excallibur? A magia presente no universo Disney transmite a esperança e nos encanta, como se pudéssemos estalar os dedos para resolver os nossos problemas. A fórmula mágica que sentimos é uma utopia que acalanta a alma.
O fluxo da magia
Bem, citei como a magia surgiu e como ela foi adaptada ao nosso cotidiano, mas ainda não expliquei o que raios entendemos como magia. Esse também é um conceito que varia, contudo, gosto de defini-la como em uma das séries de mangás com a história mais bela em minha humilde opinião: Magi: o labirinto da magia (tem no Netflix como anime, viu?). Antes do conceito de mágica na obra, vou explicar um breve resumo da trama. Essa obra japonesa nos retrata como grandes reis, imperadores e monarcas contados nas histórias de mil e uma noites das arábias ascenderam ao poder. E para se tornar um rei, é necessário receber a indicação de um Magi, uma entidade com poder mágico infinito que sabe como funciona o destino do mundo e o fluxo da vida. Neste mundo imaginário, apenas três destes seres existem: um mago negro com ideais difusos chamado Judal, uma maga sábia e perseverante, chamada Sheherazade, e um viajante do mundo que age de maneira tranquila, denominado Yunan. Porém, o equilíbrio do mundo se altera quando um quarto Magi, com poderes nunca antes vistos, surge na história. E seu nome, é Alladin.
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Bom, o que mais chama atenção na obra não é como os reis competem para ver como irão dominar o planeta em que vivem, mas sim como a magia influencia na vida de todos. Alladin é o primeiro magi a descobrir como funciona este poder mágico que todos eles possuem. Para Shinobu Othaka, autora da série, a ideia central da existência de um Magi é saber como eles podem alterar e perceber o funcionamento do fluxo da vida, representado como pequenos seres invisíveis aos olhos humanos, chamados Rukhs, ou pássaros-da-vida (esses siriris na imagem são eles). Onde há Rukhs amarelos/brancos, há indícios de pessoas poderosas e merecedoras dos poderes de um rei. Em contrapartida, quando o Rukh possui um aspecto negro, ele é representado como um potencial mal à humanidade. E é nesse ponto que quero chegar.
Ohtaka define que a magia pode ser definida como o ciclo da vida, o nascer e o morrer, o bem e o mal. E essa também é a aplicação utilizada por outros autores, que trabalham a magia como uma ferramenta facilitadora na vida das pessoas, capaz de realizar proezas jamais vistas antes, mas que possuem consequências drásticas a quem as utiliza. Voltarei a falar destas consequências mais para frente, mas antes, preciso explicar outro conceito simples para quem já sabe o que é magia: como controlá-la.
Aprendendo e praticando
Desde a década de 40, temos exemplos concretos de como um universo com magia também faz parte da literatura com dois dos maiores autores mundiais: C.S. Lewis e Tolkien, autores de As Crônicas de Nárnia e O Senhor dos Anéis, respectivamente. O que ambos fizeram para a sociedade que ainda aprendia os preceitos da magia na época foi algo surreal, colocando o elemento como parte de seus dois universos.
Porém, em 1997, outra forma de aproveitar.a magia nos foi apresentada, e se tornou uma das franquias mais rentáveis até os dias de hoje: Harry Potter. Pela primeira vez, vemos que a mágica realmente está presente, mas precisa ser lapidada, assim como o nosso conhecimento. E com isso, quem é bruxo, vai à escola. Harry e seus amigos aprendem como a magia influencia nas mais diferentes vertentes, da flora à fauna, das transformações às poções. E por isso, fica subentendido que é preciso controlar a magia para que ela não extrapole o "fluxo da vida", já citado anteriormente.
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Depois dos fenômenos de Nárnia, Senhor dos Anéis e Harry Potter, outras séries tentaram embarcar no sucesso. do universo mágico Gosto de citar três que tentaram usar elementos similares aos apresentados em seus antecessores, mas com um viés diferente. O Ciclo da Herança, série de livros cujo principal título inclui Eragon, tem o mesmo preceito de Senhor dos Anéis, um herói em um universo ambientado por criaturas mágicas, entretanto, o enredo heroico é um show a parte, e que compensa bastante a leitura. Outra série que fez sucesso na última década foi Feiticeiros de Waverly Place (adivinhem, da Disney), onde três irmãos disputavam quem iria receber a herança mágica da família, até academia de bruxos como em Harry Potter teve. E por fim, uma mais recente: a série The Magicians é explicitamente inspirada na trama de J.K. Rowling, mas é bem mais adulta e despojada.
Mas se tem uma coisa que todos os personagens das séries citadas, seja Frodo, Aslam, Harry Potter, Eragon, Alex Russo ou Quentin sabem, é que a magia tem suas consequências, mesmo conseguindo controlá-la.
Ética mágica
Toda magia requer um preço. Essa é a conduta defendida na série Once Upon a Time, que se popularizou nos últimos anos por trazer contos de fada ao mundo real. A magia de seres fantabulosos torna-se o ponto-chave da série, que a cada decisão, acaba ocorrendo uma consequência boa e uma ruim. Para salvar a vida de alguém, sacrifique a sua. Para conquistar a sua amada, me dê o seu primeiro filho como recompensa. É por meio destes preceitos que o Senhor das Trevas e vilão principal do seriado, Rumpelstiltskin, gosta de avacalhar na vida alheia e conseguir bens maiores a si mesmo. Se alguém descumpre o contrato, sofre consequências, e portanto, existe uma questão ética nos mundos mágicos da ficção.
Vou citar um exemplo mais simples, mas não menos eficaz, do que é a ética mágica. No desenho Padrinhos Mágicos, que marcou a vida de muitas crianças e adultos mundo afora, crianças que têm uma vida ruim recebem o apoio de fadas para realizar seus desejos, sem limites. Entretanto, há regras a serem cumpridas e que não podem ser extrapoladas pelos afilhados sortudos. A principal é: não revelar a existência das fadas aos humanos, sob pena de perder os padrinhos para sempre. Outras condições incluem não usar magia para conseguir amor verdadeiro, não trapacear em competições, entre outras... Existe um livro gigante nesse universo, chamado "As Regras" que regem todo o trâmite ético e moral da série. E quem disse mesmo que era um universo banal?
Por isso, saber se comportar no universo mágico é enfim a resposta para entendermos o que faz a magia ser boa ou ruim. Se controlar, seguir os preceitos e viver de boas é, na maioria das vezes, subentendido como magia boa. Extrapolar o uso mágico, querer mais do que poder, desrespeitar as regras, em tese, é o que faz a linha tênue da bondade virar maldade.
Vou citar um exemplo mais simples, mas não menos eficaz, do que é a ética mágica. No desenho Padrinhos Mágicos, que marcou a vida de muitas crianças e adultos mundo afora, crianças que têm uma vida ruim recebem o apoio de fadas para realizar seus desejos, sem limites. Entretanto, há regras a serem cumpridas e que não podem ser extrapoladas pelos afilhados sortudos. A principal é: não revelar a existência das fadas aos humanos, sob pena de perder os padrinhos para sempre. Outras condições incluem não usar magia para conseguir amor verdadeiro, não trapacear em competições, entre outras... Existe um livro gigante nesse universo, chamado "As Regras" que regem todo o trâmite ético e moral da série. E quem disse mesmo que era um universo banal?
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Passando dos limites
Então até agora essa Hipótese serviu para compreender estes aspectos: o que é magia, por que acreditamos nela, por que é tão popular, como a magia influencia na bondade e na maldade, como ela é aprendida e as suas consequências. Agora, vou citar um último ponto crucial sobre o uso de magia no meu entendimento: os limites. Seja você o herói da trama ou o vilão, deve saber que toda a magia possui um ponto máximo para ser utilizada.
Gosto de citar dois universos de animes e mangás que se popularizaram por conta da magia. A primeira é Fairy Tail, onde quem tem magia, utiliza seu poder (na maioria das vezes) para trabalhar e ganhar dinheiro em troca. Porém, há os vilões que querem sempre algo a mais, pra variar. Nessa obra de Hiro Mashima, fica bem claro que a magia dos personagens está no ar em que respiram, por meio de uma substância peculiar e invisível chamada Ethernano. O Ethernano é como o Rukh, de Magi, mas com um sentido maior de magia e menor de representação de vida. E uma das sagas de FT que, apesar de eu não gostar muito, mas particularmente explica bem essa questão de magia, é Edolas, um universo paralelo onde as pessoas não possuem poder mágico e sofrem limitações por isso. É interessante ver que os protagonistas sentem um limite de magia que podem usar no corpo, e que quanto mais usam, mais difícil de armazenar fica.
O outro universo, publicado por Nakaba Suzuki, é Nanatsu no Taizai, ou Os Sete Pecados Capitais (tem dublado na Netflix também). O preceito é o mesmo de Fairy Tail e os autores inclusive já fizeram crossover, mas até o momento em que li, não foi explicado o motivo de alguns personagens terem poderes mágicos e outros não. E mesmo assim, após um certo esforço físico exacerbado, o mesmo acontece: a magia tem seu limite. Isso vale, na verdade, para todos os universo citados. Usar magia demais provoca cansaço, dores de cabeça, desmaios e até a morte. Por isso, "enfeitice com moderação" seria um mantra constante para os seres mágicos.
Gosto de citar dois universos de animes e mangás que se popularizaram por conta da magia. A primeira é Fairy Tail, onde quem tem magia, utiliza seu poder (na maioria das vezes) para trabalhar e ganhar dinheiro em troca. Porém, há os vilões que querem sempre algo a mais, pra variar. Nessa obra de Hiro Mashima, fica bem claro que a magia dos personagens está no ar em que respiram, por meio de uma substância peculiar e invisível chamada Ethernano. O Ethernano é como o Rukh, de Magi, mas com um sentido maior de magia e menor de representação de vida. E uma das sagas de FT que, apesar de eu não gostar muito, mas particularmente explica bem essa questão de magia, é Edolas, um universo paralelo onde as pessoas não possuem poder mágico e sofrem limitações por isso. É interessante ver que os protagonistas sentem um limite de magia que podem usar no corpo, e que quanto mais usam, mais difícil de armazenar fica.
Fonte: nanatsu-no-taizai.wikia.com |
Call it true
A magia fascina tanto a gente que Hollywood deu um jeitinho de adaptá-la na vida real. Não é difícil encontrarmos mágicos de rua, ilusionistas, hipnólogos e afins na TV, no YouTube ou na festinha de sua vizinha de sete anos. Houdini, Criss Angel, David Copperfield, Dynamo, e tantos outros fizeram um tremendo sucesso por seus truques verídicos que enganam até os mais atentos olhares. E as adaptações de maior sucesso sobre o tema até hoje incluem O Mágico, O Ilusionista, O Grande Truque, Houdini (que virou série) e a mais famigerada: Truque de Mestre.
E mesmo que um grande mágico nunca revele seus truques, há quem discorde. Programas como Mister M ficaram famosos por desvendar os mistérios de alguns dos maiores shows. Outros programas, incluindo brasileiros, entraram na onda e desmistificaram uma boa quantidade de truques. Ao mesmo tempo que atrapalhou os mágicos, incentivou-os a conseguirem efetuar truques mais arriscados e elaborados.
E o que nos aguarda?
Em suma, a magia está presente em muitos universos, mas em todos o sentido é o mesmo: facilitar a vida e conceder poder. E vocês podem até perguntar: a magia já não ficou obsoleta? Muito pelo contrário. As possibilidades são tantas que a franquia Harry Potter se expandiu para Animais Fantásticos e Onde Habitam. Nárnia, um dos precursores, se encaminha para uma quarta adaptação cinematográfica. Fairy Tail completou recentemente dez anos e ainda não tem previsão de acabar. E Truque de Mestre 2, mesmo indo mal na bilheteria, já tem seu terceiro ato confirmado. Acredite se quiser, mas ainda há muito pó de prlipimpim e varinha de condão para rolar no universo pop.
~Murilo/Mud
Fonte: www.indiewire.com |
E o que nos aguarda?
Fonte: www.traileraddict.com |
~Murilo/Mud
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